quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Pós e contra de um banho de chuva... pela Av Paulista

Sexta a tarde, eu no ICESP tentando emitir uma receita para a minha mãe.

Fim de expediente... imagina como é...

Saio de lá sem a receita.

Ultimo compromisso: retirar os medicamentos da mãe na farmãcia do hospital.
São 17:55. Tenho apenas 5 minutos para fazer o percurso da Dr Arnaldo até a Consolação.
Literalmente corro por entre os carros, desvio de pessoas... postes...
E chego ao meu destino...

Não deu tempo.

Imploro para ser atendida mas o segurança é radical. Passando das 18h nem por um minuto é permitido entrar. Agora só na segunda-feira.

Cansada por ter corrido, e esgotada por ter falhado, me bate um desespero. Não tenho mais forças. Apenas escorrego do portao até a calçada onde me refugio e caio aos prantos.

Ela já está sem remédio desde o Carnaval. Eu deveria ter vindo mais cedo (mas queria seguir daqui para a universidade), eu deveria ter vindo ontem (mesmo estando doente)... e meus pensamentos tomaram conta de mim.

Nada me importava. Pessoas paravam para ver se estou bem, comerciantes vizinhos se propunham a fazer alguma coisa por mim caso precisasse... Mas não, eu só precisava escutar a voz dela, ouvir que estava tudo bem.

E num momento de desespero liguei pra minha mãezinha.
Eu só sabia dizer me desculpe, foi culpa minha. As lágrimas se misturavam aos pingos de chuva que já era intensa.

Quando por fim recuperei minhas forças, caminhei... caminhei por toda Av Paulista.

Debaixo de uma chuva torrencial eu me lavei. Lavei minha alma... me senti plena.

A única vez que me senti assim foi em meu último dia na cidade de Dom Silvério, quando também em um banho de chuva deixei minhas mágoas e rancores. Parti limpa para uma nova vida em SP.

E depois dessa minha última experiência, a única coisa que quero é seguir... seguir por essa avenida chamada vida, passar por vales, buracos, pisar em poças... mas ver como é lindo estar em conexão com Deus.

É assim que me senti ao banhar em suas lágrimas. Sim, quando alguém morre e chove dizem que é Deus chorando com a família. E assim, quando minhas lágrimas se misturavam à chuva sentia Ele comigo. Numa sincronia. Olhava ao céu e sintia um poder tão grande.

Por alguns minutos fui intocável, nem os raios e trovões me abalavam. Protegida pelos gigantes de concreto eu marchei... sentindo como uma criança brinquei, chutei possas, sorri para o nada...
Vi a admiração de muitos que passavam por mim e sentiam vontade de estar ali também, numa conexão com o universo. Também vi a loucura nos olhos de alguns, o desejo nos olhos de outros... mas não vi o medo. Aquele que me assombrou por diversas vezes, desapareceu.

Agora, me sinto pronta. Todo sofrimento desapareceu.

Foi preciso eu me reconectar para enxergar que posso viver. Tudo está nas mãos Dele.

E o que guardo disso?


É bom demais ser admirada por sua coragem.
Numa São Paulo onde todos se fecham, sentir-se notada faz uma grande diferença.
E ao mesmo tempo poder caminhar por entre pessoas que não fazem ideia de ti, não sabe seus problemas, sua dor.
E o mais fantastico é nao ter que se esconder.

Chorei livrimente pois minhas lagrimas nao podiam ser notadas por entre a chuva... sorri sozinha, do nada... vivi intensamente!

Mas o único problema... se prepare para o resfriado que vem depois...

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