Li hoje no Oncoguia um questionamento de um familiar quanto a necessidade do acompanhamento de um psiquiatra para seu pai que encontra-se com um câncer gástrico avançado.
O que posso dizer?
Quando recebemos o diagnóstico do caso de minha mãe, ainda no Incor, a Drª Ismênia que nos acompanhava desde a internação, colocou a nossa disposição a equipe de psicologia do Hospital caso precisássemos de apoio neste processo de aceitação e etc.
Na época não chagamos a utilizar esse pois com a correria do tratamento, transferência de hospital... tudo... acabamos nos perdendo entre tantas novidades.
Recentemente, chegamos num ponto em que estava praticamente impossível lidar com nós mesmos e as vezes com a mãe.
Não sabíamos como colocá-la pra cima, como fazer com que ela enxergue o milagre da vida.
Então, na internação dela no CAIO em agosto, pedi pra falar com a Psicóloga de plantão.
Eu sempre tive uma visão fria dos fatos e uma emocional. Então já estava acostumada a me auto-analisar, a analisar os sentimentos e acontecimentos que envolviam a mãe, a Ester, o pai, enfim, todos nós que estamos nesta frente de batalha contra o câncer.
Ainda assim decidi falar com a psicóloga pra ver se ela tinha uma receitinha de como lidar com tudo isso.
E uma conversa que era pra ser de apenas 15 minutos se adentrou pela madrugada do ICESP e de lá fomos sair umas 2 horas da madrugada (eu, a Ester e o Dinho).
Naquele dia, parece que uma barreira se rompeu. A Ester que estava relutante em ter esta conversa pode colocar para fora boa parte do que estava engasgado. Eu pude reafirmar vários conceitos que já tinha constatado e ver que minha linha de raciocínio esta correta. E poder desabafar um pouco.
E para minha surpresa, ela não tem nenhuma receita de como encarar tudo que está acontecendo. Mas ela pode me ouvir, e isso é essencial.
Não sei se todos hospitais, mas alguns possuem uma equipe de multiprofissonais que estão lá para amparar-nos ao longo do tratamento. As consultas com o onco e os exames e tratamentos são apenas uma parcela do processo.
No ICESP o acompanhamento com o Psicólogo pode ser feito por atendimento ambulatorial com agendamento na recepção dos ambulatórios ou em conversas com os psicólogos de plantão quase que 24 horas, a equipe está a disposição em todos os setores do ICESP. É possível ainda falar com esses profissionais por telefone 2ª a 6ª das 8h as 22h e aos Sab e Dom das 8h as 15h.
Esses profissionais estão lá para avaliar e acompanhar, individualmente e em grupos, pacientes e familiares que vivenciam o impacto do diagnóstico, tratamento e suas consequências emocionais.
Posso dizer que, para mim, foi muito importante o contato com a Drª Ruth, e que provavelmente iremos nos encontrar novamente.
É como disse a Jussara, lá no Oncoguia: "ter acesso a terapia me fez e faz muitíssimo bem. São momentos preciosíssimos em que posso expor o que vai na alma, sem medo de exposição, críticas, ou seja lá o que for. Um profissional nesta área é preparado para nos dar o suporte necessário, a dimensão real das coisas, a visão de todo."
Aproveito para agradecer a Drª Ruth pela paciência que teve conosco em nos escutar e nos apoiar na medida do possível. E como ela mesmo disse "aquela conversa "mexeu" com algumas histórias guardadas em cada um de nós e, por isso foi tão importante aquele encontro".
Um Bjo e fiquem com Deus.
Sara Ramos
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