quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Tratamento¹

Hoje vou falar um pouco dos tratamentos aos quais a mãe foi submetida.

Após diagnóstico, ela passou pelo tratamento por quimioterapia onde eram combinados os medicamentos GEMZAR (cloridrato de gencitabina) + CDDP (cisplatina), 2 semanas seguidas, com descanso de 1 semana (ciclos de 21 dias). A primeira aplicação era sempre a mais longa com duração de até 5 horas e a segunda durava até 3 horas.

Indicações: GEMZAR é um medicamento utilizado na tentativa de bloquear o crescimento das células do
tumor, tentando fazer com que o tumor diminua ou pare de crescer.
Essa combinação é indicada a diversos tipos de tumor. No caso da mãe, foi indicado por se tratar de câncer de pulmão de células não-pequenas, já metastático (a mãe enquadra nesta situação pois no líquido que se acumulou no pericárdio foi encontrado células cancerígenas). 
Prós e Contras: Esse tratamento não causou a queda de cabelo na mãe, porém, ela perdeu o apetite. Tudo causava ânsia: o cheiro da comida, a textura, o gosto. 
Resultado: Estabilizou o tumor, porém não regrediu.
Período: Junho - Outubro /2011

Como estáva estável, a médica preferiu acompanhá-la apenas por exames nos meses que se seguiram.

Foram feitos testes para possível tratamento com drogas em estudo, porém, os testes nos cromossomos do tumor de pulmão não-pequenas células que a mãe está em tratamento não foi constatado a fusão do Gene ALK, fator necessário para a utilização do medicamento em teste (PF-02341066). Este é um novo medicamento anticâncer ministrado via oral (pela boca) que está em investigação. Ele é favricado pela Pfizer. Sua ação é de inibir a atividade tumoral consequente da fusão do gene ALK. Segundo dados de pacientes já em teste, este medicamento pode impedir o crescimento do câncer de pulmão que apresenta essa fusão.
Enfim, a mãe não apresentou esta mutação e não foi possível participar da pesquisa.
Em fevereiro, após constatar pela tomografia que o derrame pericárdico estava se refazendo, a Drª preferiu iniciar o tratamento com o Tarceva, medicamento de autocusto (R$ 6000,00 a caixa com 30 comp.), via oral.
Indicação: indicado para o tratamento de pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC), localmente avançado ou metastático (estadios IIIb e IV), após a falha de pelo menos um esquema quimioterápico prévio.
Prós e Contras: o diferencial deste medicamento é que você pode tomá-lo em casa via oral. As reações mais comuns e que também ocorreu com a mãe são diarréia e erupções cutáneas (espécie de espinhas que aparecem em diversas partes do corpo). Ela precisou fazer acompanhamento com a dermato para controlar as reações. Segundo a médica, essas reações são bons sinais, significa que o organismo está reagindo ao medicamento.
Resultado: de início, por ter apresentado as reações previstas, achávamos que estava tendo resultado. Porém, os exames comprovaram que não estávamos tendo resultado. O derrame pericárdico continuava em atividade, a mãe estava cada vez mais cansada devido ao líquido. 
Período: Ela tomou esta medicação de Fevereiro a Agosto de 2012.

Neste período, vendo que a mãe voltava a apresentar sintomas do derrame, a médica encaminhou-a para acompanhamento com a cardiologista (não entendo o porque esse acompanhamento não estava sendo feito desde o início, uma vez que o derrame pericárdico foi constatado antes mesmo do tumor.

Ao notar que o Tarceva não estava apresentando o resultado esperado, a Drª solicitou uma tomografia para analisar a atividade do tumor. Só após os resultados seria possível trocar a medicação. 

Passaram se 3 meses, 2 consultas e não foi possível localizar o laudo com resultado do exame para alteração da medicação. 

Foi cogitado a hipótese de uma nova cirurgia de drenagem do líquido no pericárdio, mas qualquer decisão só seria possível diante do laudo da tomografia.

Neste meio tempo, a mãe passou por duas internações no CAIO (pronto-socorro do ICESP) aguardando uma avaliação do que seria feito. E o resultado nada. 

Numa dessas internações, ela passou 3 dias no CAIO. As acomodações lá são projetadas para um curto período de espera (24 horas no máximo), mas a mãe passou lá 3 dias. A alimentação é restrita, tudo pensado para pacientes em observação. Assim, foram 3 dias sem comer e sem dormir direito, afinal, não é possível dormir numa poltrona por mais confortável que seja por mais que 24 horas. 
Nessa internação em específico, eu estava voltando de uma viagem que fiz à Bahia. Quando cheguei, fui direto ao hospital e não aguentei. Se não fosse para dar um parecer (cirurgia, quimi etc) eu queria que a mãe fosse pra casa. Não suportava vê-la naquela situação. Chorava pois não conseguia se alimentar, por não estar conseguindo dormir. As caimbras eram tão fortes e constantes. E não podia nem fazer exercício para tentar aliviar. Eu sei que para ela chegar a este estado é porque não estava mais suportando. 
A minha mãe é de uma força que jamais encontrei em outra pessoa. Foi ai que pedi pra dar alta para ela. Pra ficar sem parecer ficaríamos em casa e com uma receita de antibiótico nas mãos fomos embora. Isso em Julho de 2012.

Continua...


Um comentário:

  1. A continuação você confere aqui: http://sarinha-ramos.blogspot.com.br/2012/10/o-tratamento_10.html

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