quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Desabafo

Hoje estava meio tristinha.
Para muitos, e pela lógica, ao lermos coisas boas, o nosso espírito tende a ser inundado por uma sensação de paz. Mas comigo ocorreu o contrário. Quis o destino que hoje, eu lesse apenas relatos emocionates de pessoas que encararam a luta contra de maneira positiva. E a minha mãe, por mais guerreira que seja ( e ela viu, nunca conheci alguém com tanta garra assim), muitas das vezes ela se deixa abater. Sei o quanto é difícil, na verdade eu imagino pois, só quem esta na frente dessa guerra é que realmente sabe o tamanho das dificuldades, nós que estamos ao lado também sofremos, mas o paciente em si, imagino eu, deve enfrentar uma luta diária, contra o corpo, contra a alma, contra tudo e todos.

De todos os relatos que li, pareciam ser mulheres frágeis que se descobriram fortes. Mas a minha mãe, ela sempre foi uma fortaleza. Nada derrubava essa mulher, nem mesmo a abalava, ao menos era assim que ela deixava transparecer.

Dona de uma autonomia inenarrável. Nunca dependeu de ningém para nada. E hoje se vê a mercê da vida, tendo que contar com a boa vontade de uns, a compreensão de outros e assim por diante.

Quando ela desaba, eu permaneço forte, ou pelo menos tento.
Sempre fui a manteiga derretida da família, e desde que essa guerra começou, me transformei de uma forma surpreendente, numa muralha. Criei uma barreira comigo mesma. Tenho até medo por me sentir assim, mas, acho que as circunstâncias me levaram a esse papel. Alguém precisava sustentar o castelo.

Porém, não tem sido muito fácil. As vezes parece que vou desabar.
Me sinto impotente por não poder estar o tempo todo ao lado dela, por não poder resolver as coisas sempre - principalmente quanto as burocraias, mas me sinto ainda mais impotente quando ela está cabisbaixa. Sinto não poder fazer que dê tudo certo, sinto não poder garantir isso a ela. Eu queria ser a âncora que a sustente que a coloque em terra firme mesmo em alto mar. Tudo isso me machuca. A muralha aqui parece ruir. Tento ser o mais forte possível principalmente diante dela, mas quando saio de sua presença eu desabo. Se falo por telefone quando desligo desabo.

E assim estou levando, tentando ensinar a ela que no meio de tudo isso existe aspectos bons (mesmo que as vezes até eu desacredite). Estou tentando ensiná-la de que cada dia é uma vitória, que os 4 meses que deram pra ela já se transformaram em 19, e que a vida tem que ser vivida em sua simplicidade, sem se estressar com coisas banais, sem sofrer por coisas insignificantes.

Eu não aceitava que ela visse apenas com tristeza a vida, que não curtisse seu dia de vida. Até que hoje, passando pelo blog da Helô, eu li o seguinte trecho:


"(...) enxergar todas essas bênçãos é uma escolha, é um treino, algo que se desenvolve. Todos temos motivos para sorrir, mesmo que tenhamos também motivos para chorar. Precisamos treinar nossa mente a ver as coisas boas que temos e não aquilo que falta… só assim podemos realmente amar a vida, amar o próximo, amar a nós mesmos. "


Eu sei que ela vai conseguir vencer essa batalha, e que vai conseguir sim curti cada dia. E como disse a Evelin no email que trocamos:

"A minha dica, é: viva. Viva, viva e viva. Com muita vontade, com muito desprendimento.
E conviva. Conviva com esse diagnostico tão perto de você, mas não tenha essas preocupações. Mude o foco da sua atenção."


Esse é meu pedido mãezinha, apenas viva.

Nós te amamos muito e precisamos do seu sorriso.

Com amor,
Sara Ramos



3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Desabafo:

    Bom sou a Ágata amiga da Sara a uns 4 á 5 anos. Me sinto meia agregada a familia sabe. Des do primeiro momento que a Sara criou esse Blog sempre venho acompanhando e sempre quis comentar mais eu nao sou muito boa de palavras e toda vez que eu começo á escrever e começo á chorar e Não termino..
    Hoje vou ate o final.
    Bom quando fiquei sabendo que a Dona Ana estava Doente Aproximamente 1 e pouqinho na epoca ela fazia aulas de Natacao ai Sara Falou que ela estava com Agua no Pulmao que tinha bebido muita agua nas aulas ai foi pro Pulmao( Acredita que eu acredito Nisso*) Por algum tempo ningeum sabia explicar oque estava gerando essa agua no pulmao. Quando veiu o Diagnostico travei me fiz um monte de perguntas porque? como? Nao fazia sentido tudo isso Chorei muito. Mais sempre tive uma certeza que ela vai seguir Vencer essa Batalha..

    Minha Mae tem A doença de Crohn doença inflamatória intestinal que não tem cura o medico dela diz que um Cancer não denvolvido ela perdi muito sangue quando ataca ela senti uma colica intestinal muito forte que ate grita chora de dor o tratamento no começo era mais sofrido de 2 em 2 meses ela tinha que fica um periodo internada e fazer um exame muito doloroso Colonoscopia. Hoje depois de 6 anos a doenca esta estabilizada.A ultima vez que a doenca atacou eu tava em Goiania minha mae foi internada foi pra UTI eu la sem poder vim embora. Foi ai que eu me apegei a Deus Convercei com ele pedi forca e sabedoria era minha nova pra perder minha mae rezei muito fiz muitas promessas. No final tudo deu certo.
    A um tempo atras minha mae foi com a Dona Ana em Consulta viu a Forca A Garra da Dona Ana e das Meninas ( Saka e Teté) Tenho Toda certeza que ela vai vencer essa Batalha que vai dar tudo certo.
    Ai gente to chorando tanto que nem consigo mais Pensar..

    Sem Mais

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    1. Agata, estamos juntas a tanto tempo e não sabia dessa história. Obrigada por tudo e pelo carinho que você e sua mãe tem demonstrado por nós.
      Saber que temos tantas pessoas boas ao nosso lado nos dá força sabia?

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